Esse bicho
voador
Que construiu
suas asas de panos
Com um
transferidor
Riscou os céus
nebulosos com seu lápis
De cor
Enfrentou as
nuvens com hálito
De gasolina
Tinha um
terno impecável
Foi ele que
comeu com os olhos
O vôo do
condor
E colocou
as nuvens na sua sina
Roubou dos
pássaros sua geometria
Rabiscou no
verso do papel o destino
Dos ventos
E os
aprisionou nas asas de polietileno
Da sua
astronave
Pedaços de
homens estilhaços de ave
Fragmentos de
aços sentimentos balbuciados
Pelo coração
A propulsão
que o tirou do chão
Aproximou-se
dos olhos de Deus
Da pele do
luar
Era mais
pesada que o ar
Arrisca como
uma luz
Arremessou-se
no ar
E voou
Esse bicho
alado era o homem
E nunca
mais pra terra
Voltou
Deixou para
trás os olhos perplexos
E sua
sombra
E deu asas
aos seus sonhos