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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Vila de Calama


Não nasci nesta vila
Mas pronunciei minha primeira
Palavra em tupi aqui
E pintei meu olhar
Com estes crepúsculos caleidoscópicos
Que entranhou para sempre
Nos meus nervos ópticos
Fui recebido pelas flores seus perfumes
Aromáticos
A misteriosa flor do maracujá
A flor elíptica do biriba
As papoulas vermelhas
Seus delírios
Seus narcóticos
Seus alcalóides violetas
Antes de ler Gonçalves Dias
Já tinha escutado o sabiá
Bebido as seivas das palmeiras
Tomado tucupi
Patuá açaí
Jaraqui com murupi
Comido bacuri
Olhado a vida pelos olhos do guaraná
Me banhado nos igarapés
E nos mares do luar
Me embriagado nos acordes
Das nereidas
Nas cuias de aluar

Mas um dia aquele batelão
Arrancou-me da poética
Beradeira
Minha doce solidão repleta
De borboletas azuis
Mangueiras de japiins
E sanhaçus
Onde minha existência
Era minha causa sui
E me atirou como uma baladeira
Para outra eira
Onde ouvi falar da guerra
Dos seis dias
Vi-me refletido nas vitrines
E mui docemente viajei
Na Maria Fumaça
Começando a trilhar
O ocidente.

   
                 Luiz Alfredo - poeta






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