Meus olhos melancólicos
Ainda conseguiram enxergar as garças
Brancas arribarem para os trópicos
Sedentas de lagos
E cardumes aos lumes
Meus olhos macambúzios
Ainda viram as pérolas engravidadas
Nos búzios
Sofrendo contorções nas marés
Algumas encastoadas nos colares
Das realezas
Outras perdidas nas profundezas
Meus olhos tristes
Mirraram os calidoscópios
Nas gotas prismáticas dos igarapés
Os haicais nas verdes rãs saltando
Nos aguapés
A mais-valia no suor do lavrador
As lágrimas incendiadas pelas lamparinas
Nas pálpebras do poeta
No orvalho deslizando nas pétalas
Da encarnada rosa
No arco-íris pintado na tez do sol
Ah! Meu olhar nunca esqueceu
Do teu olhar
Dos versos daquele poeta
Recitados na luz do luar!
A cuia de aluar
A uca do teu roçado
Teus cabelos entrançados
Com os mistérios da vida
Com os cantos dos pássaros
Com os paradoxos das diásporas
Das borboletas azuis.
Luiz Alfredo - poeta
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